quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Tudo de novo... Ou... Ruy Barbosa deve estar dando voltas no caixão

Collor, Sarney e Calheiros... Que sonho louco é este ???

A recente eleição do Sr. José Sarney para a presidência do senado nos coloca novamente em questões interessantes. Tais como o velho ditado "entra Juca e sai Manduca e o baile continua sempre armado", ou ainda "muda a mosca, mas a m... continua a mesma".

No caso, a nossa política que não se renova. Os mesmos mandatários, que vêm há mais de quarenta anos dando as cartas, continuam na mesa. E, continuam com muito poder. O interessante da eleição do Sr. José Sarney, foi justamente o apoio e a figura onipresente do senador Renan Calheiros, que, andava, por assim dizer, desaparecido dos holofotes, desde a sua renúncia em 2007.

Na verdade, Renan trabalhou muito para eleger Sarney. Principal articulador da candidatura de Sarney, Renan conseguiu reunir votos favoráveis ao peemedebista acima do número inicialmente esperado pelo grupo pró-Sarney. Renan negociou a candidatura do colega de partido desde o final do ano passado, antes de Sarney lançar seu nome oficialmente na disputa.

Renan fortaleceu-se politicamente depois da ampla vantagem no placar da vitória de Sarney: 49 votos para a presidência do Senado contra 32 recebidos pelo senador Tião Viana (PT-AC).

E, o interessante disso tudo, ele (Renan) sempre fez questão de aparecer ao lado do vencedor Sarney, mandando um recado claro a todos: Tenho Poder... Estou por cima...

Sabendo-se que em política, é dando que se recebe, qual seria o retorno para o senador Renan ??? Ouve-se falar que ele será o corregedor do senado, auxiliando o presidente da casa José Sarney...

Nisso, me vem a memória o discurso de Ruy Barbosa, no senado da capital da república, em 1914...


"A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.

A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.

A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime (na Monarquia), o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade."


Ahh, como nos fazem falta homens públicos assim hoje em dia...


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