quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Imbroglio de Honduras...

Zelaya lá... Lula aqui...



Pasmem todos... Eu já me referi a Honduras e o golpe antes. Só não tinha muitos dados, muito conhecimento do que havia acontecido. Como na América latina estamos acostumados a ver golpes de estado, onde, geralmente, militares insubordinados derrubam presidentes legitimamente eleitos, fiz uma ideia (preconcebida) do que aconteceu.

Mas... Não foi assim... Aliás, não foi nada disso... O presidente Zelaya, que ora posa de mártir foi deposto sim... Infelizmente, como num pastelão dos 3 Patetas, o que deveria ter sido um impeachment, completamente legal e dentro da constituição hondurenha, acabou se tornando uma comédia de erros...

Então, graças a uma leve pesquisa na internet, aqui seguem os fatos dessa comédia, que agora tem nosso presidente e nossa embaixada como coadjuvantes...

Um membro da oligarquia rançosa que ele agora denuncia, Zelaya tomou posse em 2006 como líder de um dos dois partidos de centro direita que têm dominado a política de Honduras por décadas. Sua plataforma geral, o seu apoio ao acordo de Livre Comércio com os Estados Unidos e suas alianças com organizações empresariais não deu nenhuma noção do fato de que, na metade do seu mandato, ele se tornaria um vira-casaca político.

De repente, em 2007, ele declarou-se socialista e começou a estabelecer laços com a Venezuela. Em dezembro daquele ano, ele incorporou Honduras à Petrocaribe, um mecanismo criado por Hugo Chávez para doar subsídios de petróleo na América Latina e do Caribe em troca de subserviência política. Então, seu governo se juntou a Alternativa Bolivariana para América Latina e Caribe (ALBA), a resposta da Venezuela para a Área de Livre Comércio das Américas, ostensivamente uma aliança comercial, mas, na prática, uma conspiração política que visa a ampliar a ditadura populista para o resto da América Latina América.

Agora é que vêm as coisas interessantes... O que Zelaya fez então ?
Bem, seguindo o script Chavista, em 2007 ele tentou forçar a mudança na constituição hondurenha, como já haviam feito Evo Morales na Bolívia e Rafael Correa no Equador, fazendo um referendo para mudar uma cláusula pétrea da constituição hondurenha, para que permitisse a sua reeleição.

Nos meses seguintes, cada corpo jurídico em Honduras - o tribunal eleitoral, o Tribunal Supremo, o procurador-geral, o Provedor de direitos humanos - declarou o referendo inconstitucional. Segundo a Constituição de Honduras (artigos 5 º, 373 e 374), os limites de mandato presidencial não pode ser alterado em qualquer circunstância; e, jamais por um referendo popular...

O congresso de Honduras, o próprio Partido Liberal de Zelaya e a maioria dos hondurenhos (em várias pesquisas) expressou seu horror diante da perspectiva de ter Zelaya perpetuar-se no poder e trazer Honduras para um estado similar à Venezuela de Chávez. Em desafio as ordens judiciais, Zelaya persistiu. Cercado por uma multidão que o apoiava, ele invadiu as instalações militares onde as cédulas para o referendo estavam guardadas e ordenou-lhes a distribuíção. Os tribunais declararam que Zelaya colocou-se à margem da lei, e o congresso começou um processo de impeachment.

Bem, agora é que vem a trapalhada... Se Zelaya tivesse sido normalmente processado e legitimamente afastado do poder, nada disso estaria acontecendo.

Mas, num gesto muito precipitado, os militares assaltaram o palácio presidencial e expulsaram Zelaya do país. O congresso hodurenho seguiu o rito processual normal, realizou o impeachment de Zelaya a sua revelia, nomearam Roberto Micheletti presidente interino e seguiam normalmente para eleições agora em novembro próximo.

Não fosse uma campanha bem orquestrada por Hugo Chávez, que atraiu a atenção internacional para Zelaya e o mostrou como vítima, um presidente eleito legitimamente sendo derrubado por militares, por ser "socialista".

Claro que Chávez não iria perder a chance de expandir seu poder, e, ter um aliado (leia-se fantoche) que iria aumentar sua influência nas Américas, sendo assim tão facilmente tirado de cena.

Então, Zelaya esteve na Venezuela, com Chávez, depois veio ao Brasil, fazendo um jogo de cena, em que nosso presidente mais uma vez bancou o "que não sabia de nada" - E nesse caso, realmente não sabia, já que em todas as vezes se referiu ao governo interino de Honduras como golpistas...

O resto, está acontecendo há dois dias: Zelaya voltou ilegalmente a Honduras e se escondeu na embaixada brasileira, orientado por Chávez. E de lá, faz seu palanque e atrai os holofotes do mundo inteiro.

Infelizmente, como em diversas outras ocasiões de nossa história recente, nosso presidente mais uma vez está desempenhando um papel muito indigno.

Como na crise da Petrobrás, na Bolívia com Evo Morales, ou a crise de Itaipu, com Fernando Lugo, infelizmente, nessa comédia que se tornou a crise hondurenha, nosso presidente está fazendo o papel de palhaço... Novamente...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Viver do Passado




Viver do passado é cultivar espinhos,
é sofrer dobrado, é não enterrar os mortos,
viver em luto permanente, morrendo também
um pouco a cada dia, é andar por caminhos tortos.

Viver de recordações, sejam alegres ou tristes,
é olhar para o jardim e ver as flores murchas,
clamando por água e cuidados, e nada fazer,
é um descuidar-se da vida, um suicídio lento,
que leva ao desamor e a auto-piedade,
forma horrível de se menosprezar,
um jeito de não se amar...

Viver de sonhos desfeitos e arrumar culpados,
é uma forma de escapar das nossas responsabilidades,
se esconder nas fraquezas, se perder no medo,
medo de vencer, medo de conquistar e perceber,
que em cada um de nós, existem forças maiores,
luzes que nos transformam de vencidos em vencedores.

A vida é um risco constante, nada é certo ou calculado,
quando assumimos o risco de viver, de lutar, de amar de novo,
estamos sujeitos ao fracasso, ao erro,
e sempre que algo dá errado, é a vida mostrando;
que não planejamos, que acreditamos demais,
que fechamos os olhos para a verdade,
que esquecemos de valorizar alguma coisa,
e quase sempre, o que esquecemos,
o que deixamos de levar em conta,
é o mais importante,
É o amor que não tivemos
É o cuidado que não dispensamos
É o erro que cometemos por sentir que nada daria errado ou mudaria.

Mas, as coisas mudam. E, só duas coisas não podemos desperdiçar: O tempo, que não volta, e a saúde, que também é muito difícil de reconquistar...

Por isso, muito cuidado com seus atos. Só eles podem atrapalhar a sua vida. Mais ninguém.

Rosângela de Fátima