Não escrevo
resenhas de filmes com frequência. Na verdade, o filme tem que ser
muito especial, para que eu me anime a escrever algo. Bem… Este
filme aqui o é, infelizmente por todas as razões erradas, contudo…
Me refiro a Star
Wars: Os Últimos Jedi.
Não uma franquia
comum, não um filme comum, uma franquia com milhões de fãs, que a
mantiveram viva, desde 1977, quando o primeiro filme foi lançado.
E eu estava lá.
Sim. Star Wars foi o terceiro filme que assisti no cinema. Depois,
claro, segui a evolução da franquia, assistindo os dois outros
filmes. Depois, no final dos anos 90, assisti a nova trilogia
prequel, que, se não foi tão boa quanto a trilogia original, contou
uma estória e serviu para expandir o universo Star Wars.
E então, em 2005, o
último filme da trilogia prequel foi lançado.
Se passam 10 anos,
os fãs quase perdem a esperança de ver algo mais sobre o universo
Star Wars…
Quando, em 2012, a
Disney company compra a Lucasfilms e todos os IP’s dela, Indiana
Jones, Star Wars, e tudo mais passou para a Disney…
Uma nova esperança ? Só que não…
Então em 2015 sai “O despertar da Força”, e eu, como milhões de fãs pelo globo, fomos para o cinema cheios de esperança e entusiasmo.Massss… Com quinze minutos de filme, comecei a sentir uma desconfortável sensação de Deja vu… Que se confirmou no decorrer do filme. Era como se eu assistisse ao filme de 1977, só que com outros atores e melhores efeitos especiais…
A bilheteria, no entanto, foi muito boa. O ritmo do filme foi algo digno de vídeo clip da MTV, cortes muito rápidos e ação incessante. Algo para nossa geração, com deficit de atenção...
E, os novos heróis,
cada um representando uma minoria: A garota, o hispânico e o
afrodescendente.
Uma interessante
galeria de personagens, não fossem eles todos estereótipos, e,
unidimensionais.
Sério, achei a
diversidade interessante no primeiro momento, mas, vazia depois. Eles
não tinham alma nenhuma. Daí, me recordei que mulheres fortes
sempre foram uma constante em Star Wars, a princesa Leia, depois
Padme Amidala. E os afrodescendentes já foram melhor representados,
Lando Calrissian e Mace Windu eram personagens bem melhores que Finn.
Assim, ficamos com
Rey, a Mary Sue, todo mundo odeia o Finn (sim, ele se tornou o alívio
cômico), e, El Guapo Dameron…
E, no final, a cena
com Luke Skywalker (Mark Hamill), essa sim, nos encheu de esperança.
Mas, a antecipação
não seria recompensada… Infelizmente.
Os Últimos Jidiotas
Sim , foi assim que
todos os fãs se sentiram, ao assistir este filme. Idiotas.
Bem, atenção
agora, que aqui vão SPOILERS do tamanho da estrela da morte.
Depois de toda a
antecipação criada com o retorno de Luke, é decepcionante como ele
é representado. Na verdade, há uma destruição do personagem. E
por quê ? ?Um personagem tão querido ?
Mas, fica pior.
Leia descobre que é
o Superman, Kylo tem um FB messenger no espaço e fica paquerando a
Rey.
O grande mestre
Snoke… Bom… Esse morre de pijama… Tsc Tsc Tsc.
Fora isso, segue
todo mundo odiando o Finn, já que ele não faz nada direito, mais
uma personagem étnica, esta para atrair o mercado asiático, e, El
guapo só leva na cabeça.
Como
conseguiram fazer um filme tão sem alma? É um desafio.
O Império contra ataca
Agora, para analisar
porquê o filme foi tão destruidor, com tudo que estava
estabelecido, e, principalmente, mostrou o dedão para os fãs, é
necessário olhar o que está acontecendo na sociedade americana.
Donald Trump foi
eleito presidente, e, desde então, Hollywood entrou em guerra com
ele. Ele não era o querido dos atores, estes, em sua quase
totalidade, democratas.
E, este
acontecimento determinou o divórcio do cinema americano com o
governo. Na verdade, o governo e Hollywwod sempre andaram de mãos
dadas, sendo o cinema americano quase um ministério da propaganda
não oficial.
Senão, vejamos…
Rambo ganhou a guerra do Vietnã, que os EUA perderam. Argo fez o
fiasco dos reféns na embaixada no Irã parecer glamuroso, e, pintou
os Iranianos de forma estereotipada e preconceituosa, isso para citar
dois exemplos recentes.
E, todos os grandes
artistas estavam com Hillary: Robert DeNiro, Meryl Streep e, um
famoso produtor, poderoso manda chuva da cidade dos sonhos: Harvey
Weinstein.
Este cidadão caiu
em desgraça em Novembro de 2017, tendo seus escândalos sexuais
vindo à tona.
A esfera de poder de
Weinstein não se limitava a Hollywood. Ele entrou na elite política,
tornando-se um importante defensor financeiro de todos os principais
candidatos democratas nas últimas duas décadas.
De acordo com o
Centro de Política Responsável, Weinstein doou pessoalmente US $
1,4 milhão ao Partido Democrata, seus candidatos e seus comitês
desde 1990. Além disso, sua rede arrecadou centenas de milhares de
dólares para Barack Obama em 2012 e Hillary Clinton em 2016, o que
lhe permitiu alcançar um nível mais alto na escala dos doadores e
um maior nível de acesso.
Por exemplo, em
agosto de 2011, Weinstein convidou os VIPs de Nova York (incluindo
estrelas como Gwyneth Paltrow e Alicia Keys) para sua casa em Nova
York para uma recepção de arrecadação de fundos para o presidente
Barack Obama - que estava presente. Sim, Obama estava em sua casa.
Harvey Weinstein
também era uma figurinha carimbada na Casa Branca. Em 2011, ele
estava na mesa de honra em um almoço do Departamento de Estado com
Hillary Clinton e Angela Merkel. Em 2012, ele estava em um jantar do
Estado em homenagem ao primeiro-ministro britânico David Cameron. A
esposa de Weinstein, Georgina Chapman, projetou o vestido de Michelle
Obama para a ocasião.
Mas o Topete ataca antes
Agora, quem melhor
para simbolizar a era Obama do que Weinstein ? E, como quase a
totalidade da classe artística americana apoiando Hillary, e,
abertamente se opondo a Trump, como fez Meryl
Streep ?
Weinstein era o
menino de ouro de Hollywood, e, Trump atacou preemptivamente. É isto
que uma famosa estrela Britânica afirma.
Lady Victoria Hervey
sugeriu que a crise de assédio e abuso que engoliu a indústria do
entretenimento poderia ter sido “instigada pelo governo de Trump
porque ele sabe que Hollywood não é sua fã.”
E, de certa forma
faz sentido, já que Trump, com seu jeitão sem porteiras, se mostrou
um bom candidato a misógino, com suas declarações sobre suas
proezas amorosas.
Ora, antes que os
escândalos contra Trump aparecessem, ele tratou de atacar primeiro,
intimidando dessa forma prováveis adversários.
Mas, e o último jedi, que tem a ver com isso ?
Muita coisa. Na
verdade, o filme, em quase sua totalidade, é um tapa na cara de quem
Hollywood considera sua inimiga: A América caucasiana direitista
eleitora de Trump, o 1% mais rico (uma grande hipocrisia, já que
diversos artistas fazem parte dessa casta) e o próprio Trump.
Senão, vejamos…
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Os homens são incompetentes, frágeis e trapalhões. Sim, uma bela bofetada na cara de Trump, que é sexista e preconceituoso.
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Todas as mulheres são bem resolvidas, independentes e fortes. E, há ainda uma personagem (Alm. Holdo) que poderia bem ser o alter ego de Hillary Clinton, por sua postura no comando da resistência rebelde (e seu gosto por vestidos de grife intergaláticos) .
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O maior herói, Luke, é reduzido a um covarde ermitão, incapaz de entender esse mundo novo, em que as mulheres todas são as mais poderosas. E, por isso, fugiu dessa realidade.
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A heroína, Rey, não precisa aprender nada, pois já nasceu sabendo tudo. Só porquê é menina, ela não precisa de treinamento da força, nem de sabre de luz e nem nada, coisas que Luke levou 3 filmes para aperfeiçoar…
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Os vilões são, em sua quase totalidade, homens caucasianos, muitos de olhos azuis e louros… Suspeito não ? A única mulher vilã passa o filme dentro de uma armadura, e, nem dá pra se diferenciar qual gênero ela era.
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Mas, a melhor parte, e, que melhor destaca a dor de cotovelo de Hollywood com o governo Trump é o planeta cassino de Cantoo Bingh (eheheheheheh, planeta casssino… Quem possui hotéis cassino e é presidente de um país ? Hum ? Quem ?), onde todos são da elite financeira dessa galáxia (o 1%), exploram trabalho escravo, vendem armas e são muito, mas muito maus.
Fora isso, parece
que Hollywood foi acometida de um niilismo tóxico, quando um dos
personagens recita que “Bons ou maus, não importa. Esses são
apenas rótulos, a engrenagem é que deve rolar sempre”. Ora, ora,
macacos do pós-modernismo que me mordam, depois dessa.
Star Wars, quem te viu e quem te vê
Não era para ser
assim. Não era mesmo. Mas, os defeitos dessa nova trilogia são
maiores e piores do que os defeitos da trilogia prequel.
A saber:
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Personagens unidimensionais, sem alma, sem vida, parecem aqueles teatrinhos de escola em que as crianças leem um jogral, péssimos. Na verdade, parecem que saíram do departamento de marketing da Disney: Vamos fazer personagens étnicos e que as minorias possam se identificar, para que possamos atingir um público maior.
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Completa falta de imaginação. Sim, George Lucas foi capaz de criar todo um universo com personagens críveis, com motivações e estórias complexas (alguns personagens mais complexos do que outros, mas, enfim). Esta trilogia agora não tem imaginação nenhuma, e, ou requenta o que já foi, ou se debruça em niilismo fatalista, coisa que Star Wars nunca foi.
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Uma forte mensagem política, que infelizmente é confusa, errada ou simplesmente existe para atacar os adversários dos produtores e manda chuvas de Hollywood. Sim, Star Wars tinha uma mensagem: Eterna luta do bem contra o mal. Este agora, tanto faz, bem e mal são a mesma coisa no final. Mas, homens caucasianos louros são a maldade encarnada e as mulheres vão salvar o dia (é possível, mas, antes, tem que deixar de serem cúmplices de quem as explora, como o Weinstein)
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Tudo feito às pressas. A trilogia original levava uns 2 anos em produção e 1 ano de filmagens. Estes agora, saem como pão quentinho, a toda hora.
Uma grande oportunidade perdida
A nova trilogia de
Star Wars poderia ter sido grandiosa, principalmente por que, hoje em
dia, estamos vivenciando o ressurgimento de diversos movimentos tidos
como mortos: direita ultrarradical, neonazismo, racismo, tribalismo,
de forma que nossa sociedade está atordoada. Esse paralelo, com o
ressurgimento do império, poderia ser feito, e, seria uma ótima
fonte de reflexão, um espelho para olharmos nossa própria
sociedade. Mas não, não há reflexão(que até houve nas trilogias
originais, sobre fatores universais). Aqui, tudo é jogado na cara,
sem explicação e nem nada.
Até o desenrolar da
estória era melhor, com o desenvolvimento de cada personagem.
Agora, no entanto,
como eu mencionei acima, os filmes estão sendo escritos pelo
departamento de marketing da Disney, para poder atingir a maior fatia
do público possível.
Mas, estão errando feio…
Sim, por todos os
detalhes citados, a equipe da nova Star Wars está matando os
personagens antigos, da velha trilogia, esses bem construídos e com
quem o público se importa e se identifica, e substituindo por novos
personagens étnicos e de gênero estereotipados sem carisma nenhum.
Assim, fica difícil a plateia se identificar ou mesmo se importar
com esses personagens. Bem ou mal tanto faz, se eles desaparecerem no
próximo filme, tanto faz também, já que tem a profundidade de
caixas de papelão.
E, ainda por cima
deixar a direção e estória com alguém que não sabe nada de Star
Wars…
È cruel.
È cruel.
A rebelião começa
Exatamente, depois
desse filme mais recente, os fãs se rebelaram. E, o contra ataque
começou:
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Brinquedos de Star Wars estão encalhados nas lojas. Para o bem ou para o mal, são os fãs que movimentam a indústria periférica de bugigangas com a marca Star Wars. E, fãs descontentes não compram brinquedos.
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Os videogames de Star Wars são um fracasso. Pelo menos, na época em que a Lucasfilm era uma empresa independente, a Lucas Arts, que criava os games da franquia, fazia games de alta qualidade, não o que se vê agora, que a propriedade intelectual foi passada para a Electronic Arts. Os jogos Battlefront são um fiasco, se comparados aos jogos antigos da Lucas Arts.
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E, por último, mas não menos importante, o filme não vai bem nas bilheterias. Foi o que teve o pior desempenho, entre a primeira semana e a segunda, em vendas de ingressos, naufragou na China, mas, graças à marca, ainda deve fazer uma boa renda.
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Claro que não se deve acreditar em tudo que se lê, afinal no site Rotten Tomatoes, os críticos deram 90% de aprovação ao filme, enquanto o público comum deu 49%, e, diversos artigos (pagos) enaltecem as qualidades do filme, e que a franquia vai bem e não está esgotada(franchise fatigue).
Há esperança ?
Dificilmente. Como
mencionei, os personagens conhecidos estão sendo dizimados, e os
novos, não tem carisma para que o público se importe.
Claro que a Disney
já anunciou diversos spin offs, como o filme de Han Solo e mesmo o
de Obi Wan Kenobi. Só que é requentar os personagens da fase boa de
Star Wars, visto que todos já estão mortos na cronologia da nova
série, ou seja, estão batendo de relho num cavalo morto.
A principal
diferença é que Star Wars era um trabalho de amor de George Lucas,
em que ele punha a sua alma. Agora, com a Disney, é um trabalho de
números, só para arrecadar cada vez mais, como citei acima, ou
requentando o que deu certo ou tendo ideias novas sem nenhuma
inspiração.
Parafraseando Luke
no filme, “É hora dos filmes de Star Wars da Disney acabar”